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Magias e Supertições

Magias e Superstições

Sempre lemos alguma coisa sobre a vida diária dos israelitas e dos cristãos primitivos, ficamos impressionados com o nível de seu envolvimento com o sobrenatural. Eles tinham consciência de que existiam no mundo fenômenos não explicados, e que havia muitas forças em operação que eles não viam nem dominavam. Essa consciência, aliada a ignorância, gerava neles um forte anseio de recorrer a magias. Não tendo muitas informações, a consciência existência de forças que se encontravam fora de seu controle logicamente os levava à superstição.

É preciso que se diga em sua defesa, porém, que os povos vizinhos praticavam habitualmente as artes da magia. Os egípcios não apenas criam nelas, mas também exercitavam regularmente. Foi exatamente a habilidade dos magos do faraó para realizar os mesmos sinais que Moisés operava que fez com que aquele rei endurecesse o coração, e resistisse às exigências do líder de Israel. Portanto, não era difícil aos israelitas acreditarem nas forças sobrenaturais.

Os judeus da antiguidade e os cristãos primitivos eram muito parecidos com as pessoas de nossa sociedade moderna, Eles criam em Deus, mas achavam que era necessário também tomar certas medidas para aplacar outras forças sobrenaturais. Muitos dos cristãos primitivos teriam entendido bem muitas das práticas supersticiosas de hoje, tais como não passar debaixo de escadas, evitar gatos pretos, quebrar espelhos, deixar calçados virados, ou jogar sal grosso para trás por sobre os ombros.

Eles também adotavam rituais semelhantes. Às vezes é difícil compreender certas atitudes deles, e chegamos mesmo a indagar: será que adoravam a Deus por desejarem comunhão com ele ou por temerem que algo lhes acontecesse se não o fizessem? Empregavam o símbolo do peixe como uma forma de testemunhar, ou como meio de constranger Deus protegê-los? As duas possibilidades são verdadeiras, Alguns compreendiam bem a liberdade que haviam obtido em Cristo, mas outros estavam apenas em busca de amuletos de sorte.

Amuletos

Desde os tempos antigos, o homem vem acreditando que, se usar ou possuir determinados objetos, eles lhe trarão boa sorte ou protegerão de males. E o uso de amuletos não era popular apenas entre os gentios; muitos israelitas também os adotavam. Tampouco ele ficou restrito às épocas de ignorância; ainda hoje há muitos que recorrem a eles.

Alguns dos lideres judeus e seus seguidores portavam amuletos. Embora tivessem uma fé monoteísta, acreditavam invocar, agradar e aplacar outras forças espirituais. Por causa disso, alguns aspectos da teologia judaica se tornaram uma complexa mistura de ideias. Às vezes parece-nos que eles esforçar-se para confiar somente em Deus, mas ao mesmo tempo sentiam que não podiam ignorar os outros espíritos.

Muitos dos amuletos que usavam tinham inscrições de palavras e frases próprias para afastar o mal. Alguns desses objetos eram de formatos especiais, de figuras sagradas, como a dos deuses da fertilidade. Os arqueólogos têm encontrado grande número desses objetos, o que vem comprovar que eram apreciados. Eles eram usados sob forma de anéis, brincos, colares, e em conchas, pedras preciosas e estatuetas (Jz 8.26).

Mesmo em anos mais recentes, já próximos da era cristã, as tradições judaicas recomendavam que o povo portasse amuletos protetores. O livro de sabá aconselhava aquele que vai viajar no sábado a carregar consigo um pé de raposa ou um ovo de gafanhoto. Os Macabeus, um grupo politico judaico, que existiu no período intertestamentário, costumavam portar amuletos de sorte.

Não era muito difícil para os judeus transporem a tênue linha que distinguiam um objeto relacionado com sua fé de um amuleto de sorte. Eles estavam sempre às voltas com esse problema. Colocavam o mezuzá nos umbrais das portas para se recordarem o sacrifício da Pascoa, mas enquanto alguns o viam apenas como apoio para sua fé, outros começavam a enxerga-lo como amuleto de sorte.

Existe a mesma confusão com relação aos seus filactérios. Os fariseus tinham o costume de amarrar esses objetos – que consistiam em caixinhas pequenas contendo versos das Escrituras – nos seus pulsos ou na testa, para dar a entender que guardavam a Palavra de Deus na mente e no coração. Mas, na verdade, muitos acreditavam que, usando-os teriam sorte, como uma benção de Deus.

Os escritos rabínicos estão cheios de conselhos supersticiosos. Eles acreditavam que uma pessoa podia lançar sobre outrem quebrantos, e que eles poderiam ser tão fortes a ponto de matar a vítima. Por isso, era necessário que andassem sempre com fitas, filactérios e certas joias.

Como a aceitação dos amuletos era geral, eles continuaram a existir no cristianismo pós-apostólico por muitos séculos, e mesmo até hoje. Alguns utilizam a figura do peixe como espécie de talismã. Outros colocavam em torno do pescoço fitas com passagens bíblicas. Mais tarde vieram as enormes coleções de lascas de madeira, que se dizia serem da cruz de Cristo; depois surgiram cravos, que asseguravam serem da mesma procedência. Guardar essas relíquias, atribuindo-lhes valor excessivo é o mesmo que usar amuletos.

Desde o inicio de sua existência como nação, o povo de Israel lutou inutilmente contra esses objetos. Vez por outra surgia um líder temente a Deus que conseguia influenciar o povo e removê-los do meio dele. Já no tempo de Jacó, Raquel pegou os deuses (Gn 31.19) do lar que havia na família, bem como brincos, e os enterrou em Siquém (Gn 35.4). “Tirai os deuses estrangeiros que estão no meio de vós”. (Gn 35.2; 31.19; Jz 24.15-23;Ex 20.3).

Neste caso, quem possuía os deuses (terafins) podia reivindicar a herança preterindo o primogênito, logo a questão não foi somente religiosa, mas também econômica. Esses deuses eram segurados nas mãos.

Terafins

Pela influencia das nações gentias, os israelitas adotaram deuses domésticos chamados “terafins” – estatuetas grandes e pequenas que para eles representavam o poder que os deuses possuíam. O povo em geral tinha muitas estatuetas, e eles não achavam que estivessem contrariando em nada a sua fé. E mantinham essas práticas apesar da Bíblia condenar abertamente a confecção de imagens de Deus (Ex 20.4).

Mical, a filha de Saul também tinha ídolos, e um deles era tão grande que, colocado na cama encoberto, passava por uma pessoa. E ela fez exatamente isso, certa vez para ajudar Davi escapar da ira de Saul (I Sm 19.13).

Assim como acontecia a outras práticas dos gentios, os reis que desejaram desarraigar do povo de Israel o costume de adorar terafins enfrentaram muita resistência nesse sentido. Os israelitas só abandonaram a idolatria após o exilio babilônico.

Tigelas Mágicas

Muitos antigos acreditavam que gravar certos dizeres na parte da frente de uma tigela de cerâmica dava muita sorte. Os arqueólogos vêm encontrando evidências de que muitos indivíduos de formação judaica e mesmo cristã utilizavam essa forma de magia. Essa era considerada “magia branca”, já que o objetivo do praticante era sempre algum beneficio, e não um malefício. As inscrições eram feitas a partir da borda da vasilha, descendo para o centro dela. Alguns desses objetos eram utilizados como pratos; mas outros eram confecções muito rústicas, o que demostra que possivelmente não eram usadas para outros fins a não ser a magia.

Existem fortes razoes para se crer que essas tigelas pertenciam a indivíduos da fé judaica e até cristãos. Uma razão é que aparece com frequência é o de Zacarias 3.2, onde Deus repreende satanás.

As provas de que os cristãos também faziam uso dessas tigelas são menos claras, mas existem bases para essa tese. Em algumas, os textos escritos parecem ser passagens do NT, embora não tão literais quanto as citações do VT. Em outras estão gravados nomes que aparentemente são ligados ao cristianismo, dentre os quais Pedro e Jesus. Contudo, essa questão não está claramente definida. Entretanto, o fato de que as inscrições estão em aramaico, e de que algumas invocam os nomes de Gabriel e Miguel, certamente sugere que a possibilidade existe.

Encantamentos

Eram formas de tentar afetar a vida de outrem para bem ou para mal por meio de dizeres ou magias. Tais práticas foram largamente empregadas durante o período da história bíblica. Josefo diz que mesmo grandes homens, como Salomão, lançavam mãos de tais recursos (Antiguidades dos Judeus, 8.2-5).

Aquele povo tinha uma fé em bênçãos e maldições, e existem abundantes evidências de que tais práticas tinham seus efeitos. Acreditasse que a feiticeira de Em-Dor tenha feito uso desse meio para invocar a Samuel de entre os mortos (I Sm 28.7).

Os cristãos primitivos encontraram grande dificuldade para combater essas práticas que estavam largamente difundidas. Eles faziam inscrições em joias e até mesmo em objetos de uso domestico. A eliminação do uso de encantamentos com seu séquito de amuletos e talismãs abriria o caminho para as bênçãos de Deus (At 19.19-20).

A leitura do fígado

Durante muitos séculos, os homens consideravam o exame do fígado de um animal como uma forma certeira de se obter orientação sobrenatural. Esse método de previsão do futuro era chamado de “hepatoscopia”, era considerado uma ciência que exigia longos estudos de que a praticasse. Os arqueólogos têm encontrado muitos modelos de fígado em argila. Juntamente com as instruções para sua leitura, indicando as colorações ou formatos que apontavam que eventos poderiam ser previstos.

Não podemos afirmar que os judeus praticassem essa forma de adivinhação, mas muitas nações vizinhas o faziam. Um exemplo bíblico disso é a alusão feita por Ezequiel de que o rei da Babilônia examinava o fígado (Ez 21.21). Mas dessa víscera um método de orientação bastante confiável.

Previsão do futuro pela água

Acredita-se que pela mistura de dois ou mais líquidos, era possível prever-se o futuro, a partir das figuras formadas. Se os líquidos não se misturassem bem, ou o fluido tomasse uma coloração escura, isso era sinal de bons augúrios.

Embora essa magia não fosse amplamente aceita entre o povo de Israel, alguns acreditam que José tenha aprendido a arte no Egito (Gn 44.5-15). Os babilônios também a praticavam.

Sacudir Flechas

Era outra forma de magia praticada na Babilônia (Ez 21.21). Consistia em sacudir algumas flechas e depois lança-las ao chão. A forma em que elas caíssem indicaria o curso de ação a ser tomado.

Existe um relato na Bíblia de uma ocasião em que o profeta Eliseu utilizou flechas de modo incomum, e que está descrita em (II Rs 13.18-19). Mas, no seu caso, tratava-se de um ato simbólico, profético, e não de uma adivinhação.

Tirar sorte

Havia diversos tipos de objetos utilizados no lançamento de sortes: varetas, dados (geralmente feitos de ossos dos dedos) e até pedrinhas. Isso foi sempre muito praticado em todo o período da história bíblica, provavelmente variando um pouco de acordo com o lugar e a época.

Essa forma de receber orientação sobrenatural era utilizada tanto por pagãos como por crentes. Esse método de adivinhação é o que demostra com maior clareza como é difícil fazer diferença entre o que é magia e o que é intervenção divina. O “Urim e Tumim”, por exemplo, que era utilizado para se consultar a Deus, talvez fosse um tipo de sorteio. Sabemos que quando os discípulos tiveram de escolher um substituto para Judas Iscariotes, fizeram um sorteio, e todos aceitaram o resultado como a expressão da vontade (At 1.26). No passado, a que mesmo os cristãos primitivos não duvidavam de que Deus pudesse manifestar sua vontade por meio de lançamento de sorte (Pv 16.33).

Astrologia

O fato dos escritores do VT condenarem fortemente a astrologia não impedia o povo de Israel a praticasse. Os babilônicos e outros povos daquela região tinham em altíssima conta a arte de consultar os astros, e lhe davam grande importância. Os profetas procuravam constantemente mostrar como era inútil e falsa essa prática ocultista (Is 47.13; Jr 10.2). Alguns escritos encontrados entre os pergaminhos de Qumran dão a entender que no período pós exílico os judeus praticado a astrologia.

Mas Deus usou um grupo de homens que aparentemente eram astrólogos, por ocasião do nascimento de Jesus, e que seguiram a estrela de Belém (Mt 2.1-12). As informações históricas dizem claramente que Deus usou os astros para transmitir mensagens a certos indivíduos (Gn 1.14; Mt 2.9). Isso pode ter contribuído de algum modo para que os israelitas adotassem a prática.

Necromancia

Durante muitos séculos, a consulta aos mortos foi uma das mais populares formas de se procurar conhecer o futuro, e ao que parece desperta muito interesse também em nossos dias. Existem muitos esquemas bem elaborados para se tentar comunicação com aqueles que se encontram do outro lado do túmulo. Mas a Bíblia repetidas vezes condena tal ato.

O rei Saul, durante o tempo em que governou, teve uma conduta vacilante com relação a questão. Inicialmente mandou banir todos os médiuns (aquele que afirma manter contato com os mortos), mas depois tentou comunicar-se com Samuel, que já havia morrido (I Sm 28.7). Isso foi prova evidente de seu declínio espiritual.

Os profetas entendiam que todas as tentativas de se fazer contato com os mortos não passavam de murmúrios sem sentido talvez com o uso de ventriloquismo (Is 8.19).

Sonhos

Os povos bíblicos davam muita importância às orientações divinas transmitidas por meio de sonhos, e algumas das interpretações eram corretas. José e Daniel, por exemplo, foram usados por Deus para dar interpretações de sonhos. E houve até quem elaborasse sistemas complicados para ajudar as pessoas a entenderem as implicações de seus sonhos. E muitos iam a extremos, tentando forjar sonhos que os ajudassem a suportar a dura realidade da vida.

As ovelhas listadas de Jacó

Segundo o texto de Gênesis 30.37-43, Jacó conseguiu um feito extraordinário na geração de ovelhas. Ele descascou algumas varas e as colocou nos bebedouros dos animais. As ovelhas que concebiam diante dessas varas tinham crias listadas ou malhadas. Isso era chamado de “simpatia”. A explicação provável e que Jacó tenha tentado aplicar uma mistura de magia popular aliada ao seu conhecimento no trato de animais. Os antigos muitas vezes recorriam a magias para obter os resultados desejados em determinadas situações.

A magia no Novo Testamento

A Bíblia contém muitos relatos de acontecimentos sobrenaturais, estranhos e inexplicáveis. Seria muito conveniente se pudéssemos anular todos eles, rotulando-os de meras fraudes que se apoiavam na ignorância popular. Mas isso seria muito simplista. Sem querer ter a pretensão de explicar todas as ocasiões em que a igreja primitiva se viu confrontada com casos de magia, vamos considerar algumas delas.

Simão, o mago (At 8.9-24). Era mágico profissional que vivia em Samaria. O povo estava muito impressionado com suas habilidades, embora a Bíblia não explique do que se tratava. Mas quando esse homem viu os apóstolos realizando milagres, ele lhes ofereceu dinheiro para que vendessem o poder do Espírito Santo. E Pedro logo o repreendeu por julgar possível adquirir por dinheiro o dom de Deus. Daí vem o termo “simonia”.

Elimas ou Barjesus (At 13.6). Foi um feiticeiro que tentou demover o procônsul da ilha de Pafos de seguir Jesus. Mas Paulo o censurou, dizendo que era cheio de engano e malícia.

A jovem de Filipos (At 16.16). Era uma jovem escrava que ganhava dinheiro para seus donos fazendo adivinhações. Quando ela viu Paulo e seus companheiros, pôs-se a segui-los, gritando que eram servos de Deus. A moça estava “possessa” por um espírito de adivinhação.

Mas Paulo se cansou daquela propaganda negativa, girou nos calcanhares e ordenou ao espírito que saísse dela, e imediatamente ele a deixou. Isso provocou violento protesto por parte daqueles que ganhavam dinheiro com os dotes mágicos da jovem.

Os filhos de Ceva (At 19.14-16). Vez por outra, os observadores dos cristãos tentavam imitar o poder que eles possuíam. Um exemplo disso foi o caso dos sete filhos de Ceva, que tentavam expulsar demônios invocando o nome de Jesus. O que se seguiu foi o episódio quase cômico, pois o espírito os atacou, bateu neles, e eles tiveram que fugir correndo, nus e muito feridos.

Simonia: Tráfico de coisas sagradas; comercio de bens espirituais, de benefícios eclesiásticos.

Bibliografia: Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos - Autor: Willian Coleman, editora: Betânia.

Francisco Araújo Filho

Bel. Teologia


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O grande Engano

missionaria rita delfinoO grande Engano

Palavras como disfarce, imitação ou cópia são conhecidas de todos. Também no cristianismo há pessoas que se dizem “cristãs”, mas no fundo não o são.

Um automóvel parou ao meu lado em um espaço para descanso à margem de uma auto-estrada na Alemanha. Alguém me ofereceu os “melhores artigos de couro” por pouco dinheiro. Como fui totalmente surpreendido pela oferta e também tinha pouco tempo, comprei um objeto pequeno. Apenas mais tarde percebi o tipo de “artigo de couro” que havia adquirido: uma imitação barata, que desmontava só de olhar para ela.

Há muitas coisas falsas, quase idênticas às verdadeiras, difíceis de distinguir das genuínas, como roupas, relógios, jóias, quadros, tapetes, etc. Precisamos de especialistas que consigam diferenciar entre o verdadeiro e o falso com base em detalhes mínimos.

Também no cristianismo há imitações, disfarces, cópias, cristãos que parecem verdadeiros e, no entanto, são falsos. Isso é ilustrado de forma clara na parábola das dez virgens (Mt 25.1ss): exteriormente, as cinco virgens néscias eram muito parecidas com as sábias, exceto pelo fato de que lhes faltava o óleo (um símbolo do Espírito Santo que habita nos salvos). Muitos vivem uma vida cristã porque são levados pela corrente do cristianismo que os cerca. Seu ambiente é cristão e por isso eles também o são.

Não quero que esta mensagem roube a certeza da salvação de ninguém que tenha no coração essa convicção pelo testemunho do Espírito de Deus. Além disso, tenho certeza de que um cristão espiritualmente renascido não pode se perder (Hb 10.10,14). Mas também não quero que alguém ponha sua confiança em uma falsa segurança, em algo que nem mesmo existe.

Às vezes admiramo-nos quando pessoas, que eram consideradas cristãos autênticos, de repente se desviam da fé e não querem ouvir mais nada a respeito de Jesus e da obra que Ele realizou na cruz do Calvário, chegando até mesmo a negá-la. O apóstolo João também passou por essa experiência dolorosa, descrita em sua primeira carta: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1 Jo 2.19).

Este buquê de flores é verdadeiro ou não? Também no cristianismo há imitações, cristãos verdadeiros e falsos cristãos.

A Bíblia não esconde o fato de que além do cristianismo verdadeiro, legítimo, renascido da “água e do espírito”, há também um cristianismo aparente, formado por “cristãos” que não estão ligados a Jesus, não estão enraizados nEle, não vivem nEle e por Ele. Mesmo que tudo pareça legítimo, eles não passam de uma imitação. É desses “cristãos” que Paulo fala ao escrever a Timóteo, em sua segunda carta: “...tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (2 Tm 3.5). A Edição Revista e Corrigida diz: “...tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”. Na Nova Versão Internacional lemos: “...tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se desses também”.

Sendo cristão sem ser cristão

De acordo com pesquisas nos EUA, quase metade dos americanos se dizem cristãos renascidos. Mas uma análise mais aprofundada revelou que muitos confundem o novo nascimento com uma sensação positiva a respeito de Deus e de Jesus.

Um levantamento estatístico entre os cristãos praticantes nos EUA apresenta resultados desanimadores, o que também é representativo em relação à Europa:

· 20% nunca oram

· 25% nunca lêem a Bíblia

· 30% nunca vão à igreja

· 40% não apóiam a “obra do Senhor” por meio de ofertas

· 50% nunca vão à Escola Bíblica Dominical (de todas as faixas etárias)

· 60% nunca vão a um culto vespertino

· 70% nunca dão dinheiro para missões

· 80% nunca freqüentam uma reunião de oração

· 90% nunca realizam culto em família [1]

Se a situação já é assim na América marcada pela influência do puritanismo, quanto mais na superficial Europa.

O próprio Senhor Jesus advertiu a respeito da confissão nominal, que carece de conteúdo verdadeiro, ou seja, que não está de acordo com o que vai no coração: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Com isso, o Senhor esclarece quatro pontos básicos: há duas coisas que não são de forma alguma suficientes para que alguém seja salvo, e outras duas são imprescindíveis para que alguém seja redimido.

Duas coisas insuficientes para a salvação

Nem a simples confissão “Senhor, Senhor” (1) nem as obras em nome de Jesus (2) são suficientes para alcançar a salvação eterna. Em muitas igrejas, denominações e entidades cristãs as orações são meramente formais, os atos de caridade são feitos em nome de Jesus sem que aqueles que os realizam pertençam a Ele ou sejam filhos de Deus. Quantos indivíduos “cristãos” realizam atos cristãos sem pertencerem a Cristo! É assustador que no fim Jesus até mesmo condena as suas ações como sendo iníquas: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.

Duas coisas imprescindíveis para a salvação

Precisamos fazer a vontade de Deus (1) e precisamos ser conhecidos por Deus (2).

1. Fazer a vontade do Pai celeste não é realizar muitas boas ações, pequenas e grandes, mas ter fé em Jesus Cristo, entregar conscientemente a vida a Ele e obedecer-Lhe na prática.

O judaísmo da época de Jesus tinha “boas ações” para apresentar: muitos eram fanáticos em seguir a lei, lidavam com a Palavra de Deus, expulsavam maus espíritos e faziam milagres. Mas uma coisa eles não queriam: crer em Jesus Cristo e, assim, aceitar a misericórdia que recebemos por meio dEle. Pensavam que chegariam ao céu sem Ele, que Deus reconheceria as suas obras e lhes permitiria entrar. Porém, foi justamente nesse ponto que Jesus tratou de contrariar seus planos. Eles tinham de aprender e aceitar que a vontade de Deus era que reconhecessem sua própria falência espiritual e cressem em Jesus.

Nós enfrentamos o mesmo problema hoje. “Cristãos” nascidos em um ambiente cristão pensam que conseguirão ir para o céu por meio de obras cristãs. Ao lhes dizermos que nada disso serve, que no fim das contas as suas ações são iniqüidades inaceitáveis aos olhos de Deus e que eles continuam perdidos, a grande maioria reage de forma irritada, por pensar que não precisam de Jesus pessoalmente. Quando Jesus foi questionado: “Que faremos para realizar as obras de Deus?”, Ele respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (Jo 6.28-29).

2. Precisamos ser conhecidos por Deus. Haverá pessoas das quais Jesus dirá naquele dia: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”.

Não é suficiente crer em Jesus de forma superficial, reconhecê-lO, acreditar em Sua existência ou aceitá-lO até certo ponto. Não – é preciso que haja um encontro pessoal com Ele.

Posso dizer: “Conheço o presidente do Brasil”. De onde o conheço? De suas aparições na mídia. Mas será que ele me conhece? Claro que não! No entanto, se eu fosse convidado a visitá-lo, teria a oportunidade de ser conhecido por ele.

O Senhor Jesus convida cada ser humano, de forma pessoal, a entregar-se a Ele: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Quem aceita esse convite, quem se achega a Ele com todos os seus pecados, quem O aceita em seu coração e em sua vida e crê em Seu nome (Jo 1.12), esse é conhecido por Ele. Quem fez isso reconheceu o Pai e o Filho de Deus e entrará no céu: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).

“Tens nome de que vives...

...e estás morto” (Ap 3.1). Há muitos que se chamam de “cristãos”, mas o são apenas nominalmente. O Senhor Jesus falou de pessoas que imaginariam servir a Deus matando justamente Seus verdadeiros filhos: “Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim” (Jo 16.2-3).

Em muitas igrejas, denominações e entidades cristãs as orações são meramente formais, sem que aqueles que rezam pertençam a Jesus.

Eles reivindicam autoridade teológica, pensam servir a Deus, mas não conhecem nem o Pai nem Jesus Cristo. Isso aconteceu, por exemplo, na época das Cruzadas e da Inquisição. Hoje também existe uma teologia que reivindica toda autoridade para si e rejeita os que se baseiam na Palavra de Deus. Basta lembrar das muitas seitas e do islamismo, que afirmam que Deus não tem um Filho.

Já no século VII antes de Cristo, na época do profeta Jeremias, havia dignitários religiosos meramente nominais. Ouvimos o lamento de Jeremias: “Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, os pastores prevaricaram contra mim, os profetas profetizaram por Baal e andaram atrás de coisas de nenhum proveito” (Jr 2.8).

Mesmo um cristão meramente nominal pode apostatar da fé. Quem com sua boca confessa ser cristão, mas não pratica o cristianismo no dia-a-dia, precisa aceitar que outros lhe perguntem se não está enganando a si mesmo.

Não é exatamente isso que vemos hoje? Muitos teólogos abandonaram a fé bíblica e correm atrás de convicções que não servem para nada. Eles se abriram para religiões e correntes espirituais que não têm absolutamente nada a ver com Jesus Cristo. Isso também já aconteceu na época em que o povo de Israel peregrinou pelo deserto. Depois de ter louvado a grandeza e a soberania de Deus (Dt 32.3-4), Moisés emendou uma declaração sobre os infiéis: “Procederam corruptamente contra ele, já não são seus filhos, e sim suas manchas; é geração perversa e deformada” (v.5). Portanto, realmente é possível que aqueles que não são Seus filhos se tornem infiéis a Ele.

É dito a respeito dos filhos de Eli: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não se importavam com o Senhor... Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o Senhor, porquanto eles desprezavam a oferta do Senhor” (1 Sm 2.12,17). Não reconheceram ao Senhor porque desprezaram o sacrifício. Enquanto uma pessoa (por mais cristã que se considere) desprezar o sacrifício de Jesus pelo pecado, não reconhecerá o Senhor.

Todos os israelitas saíram do Egito, mas da maior parte deles Deus não se agradou, motivo pelo qual tiveram de morrer no deserto (veja 1 Co 10.1-12).

Como exemplo especial de alguém que era crente nominal e que realizava obras, mas que ainda assim estava espiritualmente morto, lembro de Balaão (veja Nm 22-24):

· Ele era um homem a quem Deus se revelava, com quem Deus falava (Nm 22.9).

· No começo ele foi obediente (Nm 22.12-14).

· Ele afirmava conhecer o Senhor e O chamou de “meu Senhor” e “meu Deus” (Nm 22.18).

· Ele adorava o Senhor (Nm 22.31).

· Ele reconhecia a sua culpa (Nm 22.34).

· Ele estava disposto a servir (Nm 22.38).

· Deus colocou Suas próprias palavras na boca de Balaão (Nm 23.5).

· Balaão abençoou Israel três vezes (Nm 23 e 24).

· Ele testemunhou da sinceridade e da fidelidade de Deus (Nm 23.19).

· Ele falou três vezes do Messias como Rei de Israel (Nm 23.21; Nm 24.7,17-19).

· O Espírito Santo veio sobre ele (Nm 24.2).

· Ele testemunhava ser um profeta de Deus (Nm 24.3-4).

· Balaão confirmou a bênção e a maldição de Deus sobre os amigos e inimigos de Abraão (Nm 24.9, Gn 12.3).

· Ele colocou o mandamento de Deus acima de bens materiais (Nm 24.13).

· Ele falou profeticamente a respeito do futuro dos povos, sobre a chegada do Messias e chegou a mencionar o Império Mundial Romano [Quitim] (Nm 24.14-24).

Apesar de tudo isso, a Bíblia chama Balaão de falso profeta, vidente e sedutor (veja Nm 31.16; Js 13.22; Ne 13.1-3; 2 Pe 2.15-16; Jd 11; Ap 2.14-16). Por quê? Porque Balaão fazia concessões e aceitava comprometimentos, e levou o povo de Deus a se misturar com outros povos. Havia uma discrepância entre suas palavras e ações. “Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas. Juntando-se Israel a Baal-Peor, a ira do SENHOR se acendeu contra Israel” (Nm 25.1-3). Balaão havia levado Israel a essa prostituição (Nm 31.16; Ne 13.1-3). Pedro chama Balaão de alguém que “amou o prêmio da injustiça”. Na Epístola de Judas ele é chamado até mesmo de enganador (“erro de Balaão”) e no Apocalipse ele é apresentado como alguém que “armou ciladas”.

A Bíblia diz a respeito das pessoas nos últimos tempos que “os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13). Quem tende a prostituir-se espiritualmente ou a comprometer sua fé e suporta, permite e pratica essas coisas sem que sua consciência o acuse, tem motivo para crer que, apesar das aparências, não é um cristão verdadeiro. Com isso não estou me referindo à luta contra o pecado, que qualquer filho de Deus enfrenta. Não, aqui não se trata de “derrotas” na fé e na obediência, mas de lidarmos com o pecado de forma consciente e indiferente, de deliberadamente escolhermos a prática pecaminosa.

Não somos salvos por nossas próprias obras, mas somente pela fé em Jesus Cristo, pela conversão a Ele. Só aqueles que O aceitam, ao Filho de Deus, em seu coração e em sua vida, com fé infantil, poderão realizar obras que testemunhem a veracidade de sua fé. Essa fé precisa estar “enraizada” na Palavra de Deus. Em Sua parábola sobre o semeador, Jesus diz que há pessoas que aceitam a Palavra de Deus com alegria, mas não criam raízes para ela e mais tarde a abandonam (Mt 13.20-21). A raiz liga a planta à terra, da qual ela vive, lhe dá firmeza, extrai alimento e o conduz à planta. A raiz é um símbolo do Espírito Santo, por meio do qual estamos enraizados em Deus. O Espírito Santo nos traz a vida em Deus, à medida que extrai alimento das Escrituras.

Qualquer planta precisa ter raízes para poder absorver água e alimentos. Assim, todo cristão também precisa estar enraizado em Jesus Cristo.

Podemos aceitar a Palavra de Deus de forma superficial, podemos simpatizar com o Senhor, podemos acompanhar os cristãos durante algum tempo, mas depois nos afastar novamente, porque nunca nascemos realmente de novo e por isso nunca tivemos “raízes”.

Jesus disse aos Seus discípulos, àqueles que O seguiam: “Contudo, há descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair” (Jo 6.64). De acordo com Hebreus 6.4-6, há pessoas que foram “iluminadas”, que “provaram o dom celestial”, e que até “se tornaram participantes do Espírito Santo” e ainda assim caíram. Por quê?

· Porque foram iluminadas, mas elas mesmas nunca se tornaram luz. A luz pode se refletir em mim, e então estou iluminado; mas é preciso mais para que eu mesmo seja luz.

· Porque provaram, mas não comeram (aceitaram). Posso sentir o cheiro do pão, provar o seu sabor (assim como o enólogo, que toma um pouco de vinho na boca para testar seu aroma, mas depois o cospe fora). Mas é preciso que aconteça mais: precisamos comer o pão, ingeri-lo. Não basta “provar” Jesus, ou seja, experimentá-lO – precisamos aceitá-lO em nós (Jo 6.53-56,63; Jo 1.12).

· Porque participaram do efeito do Espírito Santo, mas nunca O receberam pessoalmente. Ao ler a Palavra de Deus, ao freqüentar um culto, posso participar do efeito do Espírito Santo. Mas isso não é suficiente. Não – é preciso que haja uma renovação espiritual real.

É possível que pessoas assim imitem o cristianismo durante algum tempo, acompanhem e participem de uma igreja local. Mas um dia elas “cairão” e negarão a Jesus. Então muitos se perguntam espantados: “Como isso é possível?”

Quando o Senhor Jesus falou de comer Sua carne e beber Seu sangue para ganhar a vida eterna (Jo 6.53-59), muitos de Seus discípulos disseram: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (v. 60) e se afastaram dEle (v. 66), apesar dEle ter lhe explicado de antemão o que isso significava: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (v. 63).

Tornar-se cristão apesar de ser “cristão”

Enganam-se a si mesmos os que pensam que todos são cristãos! Muitas vezes, quando questionei pessoas que davam a entender isso, a resposta era: “Meus pais são cristãos”, ou: “Minha família é cristã!” Um conhecido evangelista costumava responder a essas afirmativas: “Se alguém nasce em uma garagem, isso não significa que seja um automóvel! E quando alguém nasce em uma família cristã, ainda falta muito para que se torne cristão!” (extraído de um livro de Wilhelm Busch).

Jesus disse a Pedro: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lc 22.32). Por um lado, o Senhor confirmou a fé de Pedro. Por outro lado, porém, Ele falou da necessidade de sua conversão futura. Pedro poderia ter retrucado: “Senhor, sou judeu, um filho de Abraão. Cumpro os mandamentos, fui circuncidado ao oitavo dia, guardo o sábado, oro três vezes ao dia, celebro a Páscoa e faço os sacrifícios. E já Te sigo há três anos...” Mesmo assim, ele ainda precisava converter-se. Da mesma forma Paulo, o grande defensor da lei, precisou se converter, assim como todos os outros apóstolos e discípulos.

Toda pessoa precisa se converter se quiser ser salva – inclusive os “cristãos”, sejam eles membros da igreja católica romana, protestantes, evangélicos ou de uma família cristã. Não são poucos os que nascem no cristianismo, da mesma forma como os judeus nascem no judaísmo. Mas, não é esse nascimento que dá a salvação, alcançada somente através de um “novo nascimento”: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Precisamos nos converter mesmo que tenhamos sido batizados quando pequenos, freqüentado aulas de catecismo ou participado de cultos. Se não nascermos de novo, continuaremos perdidos.

Mais tarde, quando o apóstolo Pedro se converteu e experimentou o novo nascimento, ele escreveu em sua primeira carta: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros” (1 Pe 1.3-4).

Quem carrega em si o testemunho do Espírito Santo a respeito de seu novo nascimento (Rm 8.16) deve alegrar-se com essa certeza e agradecer a Jesus Cristo por ela. Mas quem não possui esse testemunho inconfundível do Espírito Santo e ainda assim pensa ser cristão, está sujeito a um grande engano. Mas hoje esses “cristãos”, e qualquer pessoa que queira ser salva, pode alcançar a certeza da salvação, se converter-se de forma muito séria a Jesus Cristo. Então, por que esperar mais?.



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missionaria rita delfino

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Uma história de Amor

Todos os domingos à tarde, depois do culto da manhã na igreja, o pastor e seu filho de 11 anos saiam pela cidade e entregavam folhetos evangelísticos. Numa tarde de domingo, quando chegou hora do pastor e seu filho saírem pelas ruas com os folhetos, fazia muito frio lá fora e também Chovia muito. O menino se agasalhou e disse: papai está pronto. E seu pai perguntou: Pronto para que? Pai, esta na hora de juntarmos os nossos folhetos e sairmos. Seu pai respondeu: Filho, esta muito frio lá fora e também esta chovendo muito. O menino olhou para o pai surpreso e perguntou: mas, pai, as pessoas vão para o inferno até mesmo em dias de chuva?Seu pai respondeu: Filho, eu não vou sair nesse frio. Triste, o menino perguntou: Pai, eu posso ir? Por favor! Seu pai hesitou por um momento e depois disse: Filho, você pode ir. Aqui estão os folhetos. Tome cuidado, filho. Obrigado, pai!Então ele saiu no meio daquela chuva. Este menino de onze anos Caminhou pelas ruas da cidade de porta em porta entregando folhetos Evangelísticos a todos que via. Depois de caminhar por duas horas na chuva, ele estava todo molhado, Mas faltava o último folheto. Ele parou na esquina e procurou por alguém para entregar o folheto, mas as ruas estavam totalmente Desertas. Então ele se virou em direção à primeira casa que viu e Caminhou pela calçada até a porta e tocou a campainha. Ele tocou a Campainha, mas ninguém respondeu. Ele tocou de novo, mais uma vez, mas ninguém abriu a porta. Ele esperou, mas não houve resposta. Finalmente, este soldadinho de onze anos se virou para ir embora, mas algo o deteve. Mais uma vez, ele se virou para a porta, tocou a Campainha e bateu na porta bem forte. Ele esperou alguma coisa o Fazia ficar ali na varanda. Ele tocou de novo e desta vez a porta se abriu bem devagar. De pé na porta estava uma senhora idosa com um olhar muito triste. Ela perguntou gentilmente: O que eu posso fazer por você, meu filho? Com olhos radiantes e um sorriso que iluminou o mundo dela, este Pequeno menino disse: Senhora me perdoe se eu estou perturbando, mas eu gostaria de Dizer que: JESUS A AMA MUITO e eu vim aqui para lhe entregar o meu último folheto e lhe dizer tudo sobre JESUS e seu grande AMOR. Então o ele entregou o seu último folheto e se virou para ir embora.

Ela o chamou e disse: Obrigada, meu filho! E que Deus te abençoe!Bem, na manhã do seguinte domingo na igreja, o Papai Pastor estava no púlpito. Quando o culto começou, ele perguntou: Alguém tem um testemunho ou algo a dizer? Lentamente, na última fila da igreja, uma senhora idosa se pôs de pé. Conforme ela começou a falar, um olhar glorioso transparecia em seu rosto. Ninguém me conhece nesta igreja. Eu nunca estive aqui. Vocês sabem. Antes do domingo passado eu não era cristã. Meu marido faleceu a algum tempo deixando-me totalmente sozinha neste mundo. No domingo passado, Sendo um dia particularmente frio e chuvoso, eu tinha decidido no meu coração, que eu chegaria ao fim da linha, eu não tinha mais esperança, ou vontade de viver. Então eu peguei uma corda e uma cadeira e subi as escadas para o sótão da minha casa. Eu amarrei a corda numa madeira no telhado, subi na cadeira e coloquei a outra ponta da corda em volta do meu pescoço. De pé naquela cadeira estava de coração partido, eu estava a ponto de saltar, quando, de repente, o toque da campainha me assustou. Eu pensei, Vou esperar um minuto e quem quer que seja irem embora. Eu esperei e esperei, mas a campainha parecia tocar cada vez mais alta e era mais insistente; depois a pessoa que estava tocando também, Começou ou a bater bem forte. Eu pensei: Quem neste mundo pode ser? Ninguém toca a campainha da minha casa e nem vem me visitar. Eu afrouxei a corda do meu pescoço e segui em direção a porta, Enquanto a campainha soava cada vez mais alta. Quando eu abri a porta e vi quem era, eu mal pude acreditar, pois na minha varanda estava o menino mais radiante e angelical que já vi em minha vida. O seu SORRISO, ah, eu nunca poderia descrevê-lo a vocês! As palavras que saíram da sua boca fizeram com que o meu coração que Estava morto há muito tempo SALTASSE PARA A VIDA quando ele exclamou: Com voz de querubim: Senhora, eu só vim aqui para dizer QUE JESUS A AMA MUITO. Então ele me entregou este folheto que eu agora tenho em minhas mãos. Conforme aquele anjinho desaparecia no frio e na chuva, eu fechei a porta e atenciosamente li cada palavra deste folheto. Então eu subi para o sótão para pegar a minha corda e a cadeira. Eu não iria precisar mais delas. Vocês vêem - eu agora sou uma FILHA FELIZ DO REI Já que o endereço da sua igreja estava no verso deste folheto, eu vim Aqui pessoalmente para dizer OBRIGADO ao anjinho de Deus que no Momento certo livrou a minha alma de uma eternidade no inferno.

Não havia quem não tivesse lágrimas nos olhos na igreja. E quando gritos de louvor e honra ao REI ecoou por todo o edifício, O papai pastor desceu do púlpito e foi em direção a primeira fila onde o seu anjinho estava sentado. Ele tomou o seu filho nos braços e chorou copiosamente. Provavelmente nenhuma igreja teve um momento tão glorioso como este e provavelmente este universo nunca viu um pai tão transbordante de amor honra por causa do seu filho... Exceto um. Este Pai também permitiu que o Seu Filho viesse a um mundo frio e tenebroso. Ele recebeu o Seu Filho de volta com gozo Indescritível, todos os membros gritaram louvores e honra ao Rei, o Pai Assentou o Seu Filho num trono acima de todo principado e potestade e Deu-lhe um nome que está acima de todo nome. Bem aventurados são os olhos que vêem esta mensagem. Não deixe que ela se perca, leia-a de novo e passe-a adiante. Lembre-se: a mensagem de Deus pode fazer a diferença na vida de alguém próximo a você. Não tenha medo ou vergonha de compartilhar esta mensagem maravilhosa. Que Deus te abençoe!

Passe adiante e abençoe outras vidas que estão sem esperança e esperam ansiosamente por um encontro como este!



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missionaria rita delfino

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Sexo à luz da Bíblia

Ao que parece, a media dos casais nos tempos antigos tinha uma vida sexual normal, saudável, satisfatória. Infelizmente, a maior parte das vezes em que a Bíblia aborda a questão do sexo, focaliza o lado problemático dele.

É provável que alguns dos assuntos que hoje nos preocupam não constituem questões sérias durante os tempos bíblicos. Os escritores bíblicos não mencionam, por exemplo, o problema da masturbação, pois o período de espera entre a puberdade e o casamento era muito pequeno.

A atitude das pessoas para com o sexo variava muito de acordo com a época e com as circunstâncias. Os israelitas sofreram grandes pressões no sentido de adotarem as praticas hedonista a que a idolatria normalmente estava associada. Houve ocasiões em que eles cederam, e Deus os castigou severamente. Entretanto, suas leis e sistemas de valores rejeitavam essa forma de vida em que o prazer era o supremo objetivo da existência. Por causa disso, os israelitas estavam sempre censurando e repudiando a devassidão.

Mas, apesar de todas as dificuldades relacionadas com o sexo, eles não tomaram a posição extrema oposta; rejeitaram também o ascetismo. Compreenderam que embora não pudessem deixar que o prazer sexual os dominasse, também não poderiam ignorá-lo. Embora não houvesse uma educação sexual formalizada, eles tinham muitas oportunidades de conversar sobre o assunto. A questão da circuncisão, por exemplo, bem como alguns outros textos bíblicos que eles liam com frequência, exigiam alguns esclarecimentos.

Eufemismos

Em alguns pontos os autores bíblicos parecem um pouco ousados em relação ao nosso modo de falar. Mas, em outros, parecem relutantes em mencionar diretamente a prática sexual. A Bíblia usa largamente termos como “seios” e “ventre”; mas parece evitar vocábulos que designam os órgãos genitais. Outras questões abordadas com certa frequência são a concepção, a gravidez e o parto. A palavra “prepúcio” também é muito empregada devido à grande importância da circuncisão para o povo. O vocábulo “lombos” pode designar toda a parte inferior do corpo, mas em alguns textos refere-se aos órgãos genitais (Gn 35.11). TEB “rins”; ou estranhas.

Paulo também faz uso de muitos eufemismos, ao descrever as partes do corpo, comparando-as ao corpo espiritual. Quando fala dos órgãos que “não são decorosos” parece estar referindo aos genitais e aos de excreção (1 Co 12.23,24).

Outro termo cujo emprego não está muito claro é “pés”. Em vários textos o sentido dele é literal, mas em outros parece ser uma referência aos órgãos genitais. Algumas versões contêm a expressão “cobrir os pés” que significa “defecar” (Jz 3.24; I Sm 24.3). Existe também uma grande divergência de opiniões quanto ao sentido da palavra “pés” na história de Rute (3.4-7). Descobrir os pés poderia ser estar disponível para o matrimônio.

Geralmente quando a Bíblia menciona a questão da prostituição masculina cita o fato diretamente em termos claros. Mas há casos em que a expressão “sodomia” que obviamente é uma referência aos sodomitas (Dt 23.18). Isso parece indicar que a principal função do prostituto (homem) era manter relação sexual com homens, embora às vezes se relacionasse com mulheres.

A expressão “uma Carne” empregada em Paulo (Ef 5.31), encontrada também em outras passagens, designa claramente a união física, o ato sexual. Outras palavras usadas como o mesmo sentido são “conhecer” e “amar”. No caso de José e Maria pais de Jesus (Mt 1:25).

A palavra “carne” às vezes indica o desejo ou o ato sexual. Contudo, de um modo geral, o sentido dela é mais amplo sugerindo qualquer experiência no plano físico, em contraste com o espiritual.

Sexo no Casamento

O ato sexual praticado entre marido e mulher tinha duas finalidades: gerar filhos e proporcionar-lhes prazer. Os judeus não viam o sexo como um problema, nem como um fardo. A abordagem do assunto feita por Paulo é altamente esclarecedora (1 Co 7. 1-7), pois ele argumenta que o casal devia manter relações sexuais regularmente. E não só a mulher tinha o dever de proporcionar prazer ao marido, mas este tinha também a responsabilidade de dar prazer a ela. Ele recomendava certo domínio próprio, mas reconhecia a necessidade de as pessoas terem satisfação física. Isso demostra que o sexo era visto também como fonte de prazer. Então os casais muitas vezes desfrutavam do prazer sexual sem a intenção de gerar filhos, sem nenhum sentimento de culpa. Isso era muito importante para eles, se levarmos em consideração as grandes tentações sexuais a que estavam expostos em contato às culturas vizinhas. O texto dá a entender que a mulher podia perfeitamente admitir sua necessidade de ter um relacionamento sexual. Paulo fala disso como de coisa normal, e ensina que o homem sábio deveria atender aos desejos de sua esposa.

O livro de cantares apresenta expressões e imagens sexuais bastante ousadas. Quem lê essa obra vê-se diante descrições dos detalhes íntimos de um casamento. O autor admira os seios sua amada (4:5; 7:3-7), e fica fascinado com seus doces beijos (4:11). Ela, por sua vez, aprecia os afetuosos abraços dele (8:3), o seu falar doce (5:16) e suas pernas (5:15).

Esse livro, de conteúdo tão sensual, fala da experiência sexual de forma muito aberta e franca, e era aceito como obra da cultura judaica.

A Bíblia contém algumas diretrizes para o sexo no casamento, que também foram ensinadas aos cristãos primitivos. Os casais deveriam exercitar domínio de modo que pudessem desempenhar suas responsabilidades normais. Paulo, por exemplo, reconhece que o casal tem o direito de se abster do sexo para dedicar inteiramente à oração. Ele ensina também que o individuo não deveria utilizar o sexo apenas para a satisfação pessoal, mas cada um tinha o dever de atender às necessidades do seu cônjuge (1 Co 7.1-7). A Bíblia não impõe restrições à maneira como o casal deve praticar o ato sexual. Não há proibições nem prescrições sobre a prática sexual das pessoas casadas.

A prostituição associada à religião

As religiões pagãs das culturas vizinhas, que várias vezes contaminaram os israelitas, costumavam promover algum tipo de prostituição cultural, que geralmente estava associada com o conceito de fertilidade. Quando um agricultor queria obter colheitas mais fartas ou rebanhos mais produtivos precisava recorrer aos “deuses da fertilidade”. Se uma mulher desejasse ter filhos, e não os tinha, teria que fazer o mesmo. E uma das formas de agradar a esses deuses era manter relações sexuais com as prostitutas ou prostitutos rituais que se encontravam no templo para esse fim. Embora isso possa parecer muito estranho, o fato é que essa prática era bastante comum, e durou até os tempos do Novo Testamento. E muitas vezes ela foi associada também ao culto de Jeová.

Os israelitas tinham contato com prostitutas cultuais já no início de sua história como nação. No sinistro relato da morte de Zimri, filho de Salu (Nm 25:1-8), lemos que Zimri um israelita, levou uma midianitas para participar dos ritos sexuais na tenda. Quando o sacerdote Finéias ficou sabendo do que estava-se passando, foi à tenda e, num único golpe, atravessou os dois com uma lança.

As cerimônias pagãs às vezes se tornavam tumultuadas e sangrentas. Bebia-se muito vinho, como tributo a Baal, pedindo-lhe boas colheitas. Havia também sacrifício de crianças ao deus Moloque ou a Quemós, um deus moabita. Baal de peor nesta localidade foi praticado rito que incluía abusos sexuais de fertilidade dos cananeus foi designado pelos israelitas como vergonha (boshet).

Além de cometer a devassidão simplesmente pelo prazer de fazê-lo, os povos que praticavam esses atos religiosos pareciam crer que eles de fato tinham efeitos positivos. Já se encontraram muitas imagens de deuses da fertilidade. Algumas dessas esculturas eram representações de mulheres grávidas, e provavelmente ficavam na casa daqueles que as adoravam. Outras figuras representam mulheres segurando o seio.

Uma das razões porque Deus mandou que os cananeus fossem exterminados era justamente sua religião maligna. Mas como Israel não executou a ordem, esse povo continuou a praticar livremente sua religião e em várias ocasiões, a vida religiosa dos judeus com ela. O povo de Israel era constantemente tentado a adotar a prostituição em sua prática religiosa apesar de a lei proibi-la expressamente (Dt 23.17-18).

Durante a época dos juízes, por exemplo, os israelitas adotaram muitas práticas cruéis e imorais dos cultos de fertilidade (Jz 8.33). Mas isso foi apenas o começo do seu processo de desobediência. Mais tarde, metade da tribo de Manassés abraçou a religião da prostituição (1 Cr 5:25). Os filhos de Eli se deitavam com mulheres que serviam à porta da tenda da congregação (1Sm 2:22), e que talvez fossem prostitutas. No reinado de Roboão, rei de Judá, havia homens que se prostituíam cuja atividade era associada aos templos devotados ao culto da fertilidade (1 Rs 14:23-24). E durante toda a sua história, em varias ocasiões, Israel se envolveu no culto a Baal, que em muitos casos incluía a prática da prostituição (2 Cr 33.3).

Nem todos os israelitas participavam desses cultos pagãos, mas todos estavam cientes da existência deles. Houve vários reis justos que realizaram obras religiosas e acabaram com grande parte dessa atividade (1 Rs 15:12; 22:46; 2 Rs 23:7). Mas nenhum deles conseguiu resultados permanentes (Ez 16: 5-58). E até nos dias de Paulo, ainda se praticavam alguns desses cultos ímpios em várias partes do mundo antigo. Diz um historiador que todas as mulheres tinham que passar algum tempo em um templo prostituindo-se em honra a Vênus.

Na época em que Paulo escreveu à igreja de Corinto, havia mil (1000) prostitutas no templo da deusa Afrodite, na acrópole da cidade. E a grande prosperidade financeira do lugar se devia a larga escala à popularidade do culto. A reputação da cidade nesse particular era tal que o termo “mulher de Corinto” passou a ser sinônimo de prostituta. Por isso, quando o apóstolo escreveu aos crentes desse lugar, sabia que estava-se dirigindo a pessoas que antes viam o sexo como uma forma de entretenimento, sem conotações morais, e sem outra importância maior do que a atividade física. E o ensinamento de que homem que se unia a uma prostituta estava-se maculando constituía um conceito totalmente novo para eles (1 Co 6:15-16). Foi pelo fato de a prostituição ser tão generalizada que os pais da igreja recomendaram aos crentes novos que se abstivessem da imoralidade (At 15:29). É que os gentios daquela época não consideravam imorais muitos dos atos que hoje ponderamos.

O homossexualismo ou sodomia

A história mostra que o homossexualismo é quase tão velho quanto à humanidade, e que foi muito praticado durante o período bíblico. Sabendo-se que nas nações vizinhas do povo de Israel havia tanta atividade sexual, principalmente nos templos pagãos, não temos dúvida de que os hebreus não desconheciam a questão. Os escritores bíblicos parecem preocupar-se principalmente com o homossexualismo que era associado ao culto religioso, já que era essa a forma básica em que eles tomavam contato com tal prática.

Nas escrituras, às vezes o homossexualismo é chamado de “sodomia”, que deriva dos nomes das cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 18 e 19) que foram destruídas porque Deus não conseguiu encontrar ali nem dez (10) pessoas justas (18:32). É possível que o termo “justo” ai designe pessoa que não fosse homossexual, ou seja, não tinham o temor de Deus já que no capítulo seguinte o pecado focalizado é justamente esse (19:5). Provavelmente, o homossexualismo praticado em Sodoma, que constitui um dos males da localidade, estivesse associado ao culto pagão, à prostituição cultual, que é mencionada em toda a Bíblia.

O autor de Deuteronômio achou necessário advertir os hebreus, tanto homens quanto mulheres, que evitassem esse tipo de culto (Dt 23:17), mas durante o reinado de Roboão passaram a existir templos nos outeiros, que empregavam prostitutos cultuais (1 Rs 14:24). E assim a prática se incorporou a vida dos judeus. Mas, mais tarde, o rei Asa começou a remover essa atividade (1 Rs 15:12). Contudo, os homossexuais só foram exterminados totalmente no reinado de Josafá (1Rs 22:47). Mas reapareceram no tempo de Josias.

Quando Paulo condena o homossexualismo masculino ou feminino, ele também parece estar-se referindo a um ato religioso, que sem dúvida era bastante difundido (Rm 1:23-24 e 1Co 6:9). O comentarista Barclay afirma que o Império Romano era tão corrompido que os escritores romanos se achavam desesperançados quanto ao seu futuro. Conta-se que até mesmo a Imperatriz Agripina, mulher de Cláudio, mãe de Nero, certo dia, sentindo-se muito entediada, resolveu sair do palácio naquela noite e ir divertir-se num bordel próximo. Existem algumas evidências de que vários dos primeiros imperadores eram homossexuais. Mais tarde, o imperador Domiciano (81-96 A.D.) tentou reduzir a prática, aplicando uma multa de dez mil sestércios a quem praticasse atos homossexuais. Deus havia proibido o travestimento dos hebreus, usar vestimentas do sexo oposto (Dt 22:5).

A nudez

Os judeus se vestiam com recato, e consideravam a nudez algo degradante. Talvez não houvesse uma lei especifica proibindo-a, mas, de modo geral, o povo menosprezava a nudez. Um dos atos de humilhação infligidos aos prisioneiros de guerra era justamente despi-los na ocasião de repatria-los (Is 20:4). Certa vez o rei Hanum, para demostrar sua rejeição aos servos de Davi, cortou as roupas deles à altura das nádegas para envergonhá-los (2 Sm 10:4). Sem e Jafé também manifestaram desprezar ao saber que seu pai, Noé, se embebedara, e estava nu (Gn 9:21-23). Isso ocorreu após os dias passados na arca. Na crucificação os homens eram colocados de costas para a cruz nus e as mulheres de frente para cruz nuas, pois o motivo não era somente a pena capital mas também expor a ignomínia.

Contudo, parece que tampouco havia um pavor irracional em relação à nudez como o que alguns revelam hoje. Vemos a experiência de Isaias, a quem Deus ordenou que andasse despido e descalço, como sinal da destruição que ocorreria (Is 20:2-4). Ele andou assim três anos, e como a nudez, de um modo geral, desagradava ao povo, seu gesto causou grande impacto.

A questão da nudez se tornou mais problemática em relação aos jogos gregos, Havia grande controvérsia entre judeus a respeito da participação dos jovens nas competições esportivas já que os atletas atuavam nus.

Incesto

Durante toda a história de Israel, vemos casos de casamento entre pessoas de parentesco próximo. Geralmente os hebreus assimilavam os usos das nações vizinhas.

Paulo aborda um caso de incesto em sua carta aos coríntios. Um homem estava vivendo maritalmente com a mulher de seu pai (1 Co 5:1). Ele repreende a igreja por não ter ficado chocada com o fato e não ter excluído esse homem do grupo (comunidade) imediatamente.

Entretanto, os casos de incesto eram muito raros entre os cristãos, entre os cristãos, entre judeus e até mesmo entre os pagãos. Aliás, pela lei romana uma união como a que Paulo menciona era proibida. Sabemos que os imperadores se casavam com quem bem entendiam, mas o povo considerava isso uma afronta.

No velho testamento, temos a história de Amon, que seduziu e estuprou sua meio irmã Tamar, que relutou em ceder ao desejo dele. E assim o jovem cometeu incesto, entre outros crimes. Quando o rei Davi soube do fato, ficou furioso; e Absalão não mais conversou com o irmão depois disso (2 Sm 13).

A lei mosaica proibia relações conjugais de natureza incestuosa (Lv 18:6; Dt 22:30). Uma das poucas exceções era o “levirado”, o casamento de um homem com a viúva de seu irmão. Se alguém violasse essas leis poderia ser morto. É evidente, porém, que os primeiros descendentes de Adão e Eva casaram entre si, irmão com irmã. Durante o período dos patriarcas, também, era comum escolherem-se para cônjuge primos e primas em primeiro grau. A lei do levirado (Dt 25:5-10).

Perversões

Os Hebreus tinham verdadeiro pavor da ideia de um ser humano ter relação com animais. É possível que essa aversão tivesse raízes no desprezo deles pela mitologia pagã, onde há vários casos de práticas sexuais de seres humanos e animais. Além disso, eles tinham grande respeito pelo propósito de Deus na criação. A perversão sexual é severamente condenada nas Escrituras. Quem praticasse tais atos poderia até ser morto (Ex 22:19).

Estupro

A Bíblia contém três leis principais que tratam do estupro.

1. Se um homem forçasse uma jovem no campo, longe de sua casa, ele deveria por sua vez ser morto (Dt 22:25-27).

2. Se forçasse uma mulher casada ou desposada, também deveria ser executado.

3. Se forçasse uma virgem, tinha que pagar 50 ciclos de prata, depois casar-se com a jovem, e nunca poderia divorciar-se.

O caso de Onã

Algumas pessoas gostam de criar normas para o comportamento sexual a partir da história de Onã (Gn 38:1-11). E a maioria delas faz interpretações errôneas. O irmão de Onã havia morrido, e sua mulher, Tamar, não tivera filhos, Judá, o pai dele, ordenou-lhe que ela tivesse filhos. Onã obedeceu parcialmente, pois quando tinha relação sexual com ela deixava o sêmen cair na terra, para evitar que ela engravidasse. E Deus o matou por causa dessa desobediência. Mas esse castigo lhe foi aplicado por causa de sua recusa em obedecer ao mandamento relacionado com o levirato, e que não tem nada que ver com masturbação, coito interrompido ou qualquer outra prática sexual. Mas ele poderia perante os anciãos demostrar desinteresse pela cunhada antes de tomá-la por esposa ver (Dt 25:10) neste caso ele é vexado perante a comunidade e não lhe é imputado a pena capital. Nota minha.

A menstruação

A lei mosaica considerava a mulher impura durante o tempo que estivesse menstruada. Não sabemos até hoje que ponto essa atitude dos hebreus era ocasionada por razões de higiene, ou até onde era uma decorrência dos mitos de fertilidade dos povos gentios. Mas havia normas que regulavam a conduta do casal nesse período. Eles eram proibidos de manter relações sexuais durante aqueles sete dias (Lv 18:19).Havia normas relacionadas até mesmo com os móveis da casa. Se ela tocasse em algum objeto ou se sentasse sobre alguma coisa, esse objeto seria considerado impuro, e quem encostasse nele também era considerado impuro (Lv 15:19-24).

A lascívia

O domínio próprio é um dos temas mais aventados na Bíblia, e um dos impulsos que deve ser controlado é justamente a concupiscência. Esse termo significa forte desejo. Nas culturas antigas, como ocorre hoje, havia inúmeros apelos para que as pessoas se entregassem ao desejo sexual ilícito. Jesus advertiu a seus seguidores para não caírem nessas ciladas (Mt 5:28).

O adultério

Como acontece a outros temas bíblicos, temos mais conhecimento sobre o que a lei dispunha com relação a esse assunto, do que sobre a atitude do povo para com ele. Mas já que havia muitas prostitutas em Israel, podemos concluir que existia também atividade extraconjugal em certa medida. Contudo, é pouco provável que as pessoas que cometiam adultério fossem executadas por isso.

Pela legislação do Velho Testamento, a mulher acusada de adultério deveria ser submetida a um teste meio incomum para determinar se era culpada ou não.

O sacerdote deveria misturar um pouco de pó do assoalho do tabernáculo numa vasilha de água santa (Nm 5:16-31). Em seguida, ele declararia que, se a mulher fosse culpada, depois de beber a água, as coxas descairiam, o ventre incharia, e ela sofreria terrivelmente (v.24). Provavelmente, ela se tornaria estéril. Se fosse inocente, porém, nada de mal lhe aconteceria, e poderia ter filhos. Esperava-se que Deus operasse nesse processo garantindo um resultado justo.

Mas não havia um teste desses para os homens. Contudo, se um homem fosse surpreendido em adultério com a esposa de outrem, ambos tinham que ser executados (Dt 22:22). Se não houvesse prescrições acerca da fidelidade conjugal, teria sido muito difícil para a cultura israelita manter a união familiar. Ao nascer uma criança, era muito importante que o casal tivesse certeza de que o marido era o pai dela, e que as dúvidas fossem esclarecidas. Isso era melhor do que a situação na incerteza. Assim sendo, a vida conjugal tinha seus limites bem definidos. Mas, apesar de tudo, ainda houve homens como Davi, que se dispôs até a cometer assassinato, a fim de violar essas restrições.

Nos dias de Jesus, a mentalidade do povo em relação ao adultério havia se modificado bastante. Isso foi motivado à influência de outras nações. Os judeus já não consideravam o problema uma questão de vida e morte, e não mais executavam quem cometesse adultério.

Até certo ponto foi por causa disso que o incidente de Jesus com a mulher que fora surpreendida em adultério foi tão significativo para os interessados. Como a lei do apedrejamento constava de seu código moral, mas não era aplicada, qualquer resposta que Jesus desse teria provocado controvérsia. E quando ele sugeriu que quem não tivesse pecado atirasse a primeira pedra, esvaziou a questão, e obrigou os acusadores a se retirarem envergonhados. (Existem poucas evidências que comprovam a autenticidade dessa passagem, pelo que alguns estudiosos acreditam que não pertencesse ao cânon original).

Com seu ensinamento sobre a doutrina do adultério, Jesus nos deu subsídios para formarmos opinião sobre a questão. Mas sua orientação fica prejudicada pela séria divergência que existe entre os cristãos ao fazer a interpretação dela. Ao que parece ele ensina que um homem pode divorciar-se de sua mulher se ela cometer adultério (Mt 5:31-32) . Ao expressar esse ponto de vista, ele ofereceu uma válvula de escape para abolir a execução dos culpados. Então, em vez de tomar uma atitude mais drástica, o marido ultrajado poderia divorciar-se da esposa, para se poupar da humilhação. Mas em outro texto, ele sugere que o casal deveria permanecer junto, apesar do problema (Mt 19:8-9). Ao dizer isso, ele defende a tese de que o perdão tem o poder de restaurar um relacionamento em crise.

As relações sexuais pré-conjugais

Para as famílias israelitas e mesmo para os jovens, a castidade pré-conjugal era de extrema importância. Por lei, a jovem tinha que comprovar sua virgindade na noite de núpcias (Dt 22:15). É possível que naquela época fosse mais fácil para as moças manterem-se virgens até o casamento, já que se casavam muito novas e, portanto, o período de espera entre a puberdade e o casamento era relativamente curto.

Quando Paulo reprova a impureza (1Co 6:9) usa um termo de sentido geral compreendendo todas as formas de imoralidade sexual.

Bibliografia: Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos

Autor: Willian Coleman, editora: Betânia.

Francisco Araújo Filho

Bel. Teologia


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