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missionaria rita delfino

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Sexo à luz da Bíblia

Ao que parece, a media dos casais nos tempos antigos tinha uma vida sexual normal, saudável, satisfatória. Infelizmente, a maior parte das vezes em que a Bíblia aborda a questão do sexo, focaliza o lado problemático dele.

É provável que alguns dos assuntos que hoje nos preocupam não constituem questões sérias durante os tempos bíblicos. Os escritores bíblicos não mencionam, por exemplo, o problema da masturbação, pois o período de espera entre a puberdade e o casamento era muito pequeno.

A atitude das pessoas para com o sexo variava muito de acordo com a época e com as circunstâncias. Os israelitas sofreram grandes pressões no sentido de adotarem as praticas hedonista a que a idolatria normalmente estava associada. Houve ocasiões em que eles cederam, e Deus os castigou severamente. Entretanto, suas leis e sistemas de valores rejeitavam essa forma de vida em que o prazer era o supremo objetivo da existência. Por causa disso, os israelitas estavam sempre censurando e repudiando a devassidão.

Mas, apesar de todas as dificuldades relacionadas com o sexo, eles não tomaram a posição extrema oposta; rejeitaram também o ascetismo. Compreenderam que embora não pudessem deixar que o prazer sexual os dominasse, também não poderiam ignorá-lo. Embora não houvesse uma educação sexual formalizada, eles tinham muitas oportunidades de conversar sobre o assunto. A questão da circuncisão, por exemplo, bem como alguns outros textos bíblicos que eles liam com frequência, exigiam alguns esclarecimentos.

Eufemismos

Em alguns pontos os autores bíblicos parecem um pouco ousados em relação ao nosso modo de falar. Mas, em outros, parecem relutantes em mencionar diretamente a prática sexual. A Bíblia usa largamente termos como “seios” e “ventre”; mas parece evitar vocábulos que designam os órgãos genitais. Outras questões abordadas com certa frequência são a concepção, a gravidez e o parto. A palavra “prepúcio” também é muito empregada devido à grande importância da circuncisão para o povo. O vocábulo “lombos” pode designar toda a parte inferior do corpo, mas em alguns textos refere-se aos órgãos genitais (Gn 35.11). TEB “rins”; ou estranhas.

Paulo também faz uso de muitos eufemismos, ao descrever as partes do corpo, comparando-as ao corpo espiritual. Quando fala dos órgãos que “não são decorosos” parece estar referindo aos genitais e aos de excreção (1 Co 12.23,24).

Outro termo cujo emprego não está muito claro é “pés”. Em vários textos o sentido dele é literal, mas em outros parece ser uma referência aos órgãos genitais. Algumas versões contêm a expressão “cobrir os pés” que significa “defecar” (Jz 3.24; I Sm 24.3). Existe também uma grande divergência de opiniões quanto ao sentido da palavra “pés” na história de Rute (3.4-7). Descobrir os pés poderia ser estar disponível para o matrimônio.

Geralmente quando a Bíblia menciona a questão da prostituição masculina cita o fato diretamente em termos claros. Mas há casos em que a expressão “sodomia” que obviamente é uma referência aos sodomitas (Dt 23.18). Isso parece indicar que a principal função do prostituto (homem) era manter relação sexual com homens, embora às vezes se relacionasse com mulheres.

A expressão “uma Carne” empregada em Paulo (Ef 5.31), encontrada também em outras passagens, designa claramente a união física, o ato sexual. Outras palavras usadas como o mesmo sentido são “conhecer” e “amar”. No caso de José e Maria pais de Jesus (Mt 1:25).

A palavra “carne” às vezes indica o desejo ou o ato sexual. Contudo, de um modo geral, o sentido dela é mais amplo sugerindo qualquer experiência no plano físico, em contraste com o espiritual.

Sexo no Casamento

O ato sexual praticado entre marido e mulher tinha duas finalidades: gerar filhos e proporcionar-lhes prazer. Os judeus não viam o sexo como um problema, nem como um fardo. A abordagem do assunto feita por Paulo é altamente esclarecedora (1 Co 7. 1-7), pois ele argumenta que o casal devia manter relações sexuais regularmente. E não só a mulher tinha o dever de proporcionar prazer ao marido, mas este tinha também a responsabilidade de dar prazer a ela. Ele recomendava certo domínio próprio, mas reconhecia a necessidade de as pessoas terem satisfação física. Isso demostra que o sexo era visto também como fonte de prazer. Então os casais muitas vezes desfrutavam do prazer sexual sem a intenção de gerar filhos, sem nenhum sentimento de culpa. Isso era muito importante para eles, se levarmos em consideração as grandes tentações sexuais a que estavam expostos em contato às culturas vizinhas. O texto dá a entender que a mulher podia perfeitamente admitir sua necessidade de ter um relacionamento sexual. Paulo fala disso como de coisa normal, e ensina que o homem sábio deveria atender aos desejos de sua esposa.

O livro de cantares apresenta expressões e imagens sexuais bastante ousadas. Quem lê essa obra vê-se diante descrições dos detalhes íntimos de um casamento. O autor admira os seios sua amada (4:5; 7:3-7), e fica fascinado com seus doces beijos (4:11). Ela, por sua vez, aprecia os afetuosos abraços dele (8:3), o seu falar doce (5:16) e suas pernas (5:15).

Esse livro, de conteúdo tão sensual, fala da experiência sexual de forma muito aberta e franca, e era aceito como obra da cultura judaica.

A Bíblia contém algumas diretrizes para o sexo no casamento, que também foram ensinadas aos cristãos primitivos. Os casais deveriam exercitar domínio de modo que pudessem desempenhar suas responsabilidades normais. Paulo, por exemplo, reconhece que o casal tem o direito de se abster do sexo para dedicar inteiramente à oração. Ele ensina também que o individuo não deveria utilizar o sexo apenas para a satisfação pessoal, mas cada um tinha o dever de atender às necessidades do seu cônjuge (1 Co 7.1-7). A Bíblia não impõe restrições à maneira como o casal deve praticar o ato sexual. Não há proibições nem prescrições sobre a prática sexual das pessoas casadas.

A prostituição associada à religião

As religiões pagãs das culturas vizinhas, que várias vezes contaminaram os israelitas, costumavam promover algum tipo de prostituição cultural, que geralmente estava associada com o conceito de fertilidade. Quando um agricultor queria obter colheitas mais fartas ou rebanhos mais produtivos precisava recorrer aos “deuses da fertilidade”. Se uma mulher desejasse ter filhos, e não os tinha, teria que fazer o mesmo. E uma das formas de agradar a esses deuses era manter relações sexuais com as prostitutas ou prostitutos rituais que se encontravam no templo para esse fim. Embora isso possa parecer muito estranho, o fato é que essa prática era bastante comum, e durou até os tempos do Novo Testamento. E muitas vezes ela foi associada também ao culto de Jeová.

Os israelitas tinham contato com prostitutas cultuais já no início de sua história como nação. No sinistro relato da morte de Zimri, filho de Salu (Nm 25:1-8), lemos que Zimri um israelita, levou uma midianitas para participar dos ritos sexuais na tenda. Quando o sacerdote Finéias ficou sabendo do que estava-se passando, foi à tenda e, num único golpe, atravessou os dois com uma lança.

As cerimônias pagãs às vezes se tornavam tumultuadas e sangrentas. Bebia-se muito vinho, como tributo a Baal, pedindo-lhe boas colheitas. Havia também sacrifício de crianças ao deus Moloque ou a Quemós, um deus moabita. Baal de peor nesta localidade foi praticado rito que incluía abusos sexuais de fertilidade dos cananeus foi designado pelos israelitas como vergonha (boshet).

Além de cometer a devassidão simplesmente pelo prazer de fazê-lo, os povos que praticavam esses atos religiosos pareciam crer que eles de fato tinham efeitos positivos. Já se encontraram muitas imagens de deuses da fertilidade. Algumas dessas esculturas eram representações de mulheres grávidas, e provavelmente ficavam na casa daqueles que as adoravam. Outras figuras representam mulheres segurando o seio.

Uma das razões porque Deus mandou que os cananeus fossem exterminados era justamente sua religião maligna. Mas como Israel não executou a ordem, esse povo continuou a praticar livremente sua religião e em várias ocasiões, a vida religiosa dos judeus com ela. O povo de Israel era constantemente tentado a adotar a prostituição em sua prática religiosa apesar de a lei proibi-la expressamente (Dt 23.17-18).

Durante a época dos juízes, por exemplo, os israelitas adotaram muitas práticas cruéis e imorais dos cultos de fertilidade (Jz 8.33). Mas isso foi apenas o começo do seu processo de desobediência. Mais tarde, metade da tribo de Manassés abraçou a religião da prostituição (1 Cr 5:25). Os filhos de Eli se deitavam com mulheres que serviam à porta da tenda da congregação (1Sm 2:22), e que talvez fossem prostitutas. No reinado de Roboão, rei de Judá, havia homens que se prostituíam cuja atividade era associada aos templos devotados ao culto da fertilidade (1 Rs 14:23-24). E durante toda a sua história, em varias ocasiões, Israel se envolveu no culto a Baal, que em muitos casos incluía a prática da prostituição (2 Cr 33.3).

Nem todos os israelitas participavam desses cultos pagãos, mas todos estavam cientes da existência deles. Houve vários reis justos que realizaram obras religiosas e acabaram com grande parte dessa atividade (1 Rs 15:12; 22:46; 2 Rs 23:7). Mas nenhum deles conseguiu resultados permanentes (Ez 16: 5-58). E até nos dias de Paulo, ainda se praticavam alguns desses cultos ímpios em várias partes do mundo antigo. Diz um historiador que todas as mulheres tinham que passar algum tempo em um templo prostituindo-se em honra a Vênus.

Na época em que Paulo escreveu à igreja de Corinto, havia mil (1000) prostitutas no templo da deusa Afrodite, na acrópole da cidade. E a grande prosperidade financeira do lugar se devia a larga escala à popularidade do culto. A reputação da cidade nesse particular era tal que o termo “mulher de Corinto” passou a ser sinônimo de prostituta. Por isso, quando o apóstolo escreveu aos crentes desse lugar, sabia que estava-se dirigindo a pessoas que antes viam o sexo como uma forma de entretenimento, sem conotações morais, e sem outra importância maior do que a atividade física. E o ensinamento de que homem que se unia a uma prostituta estava-se maculando constituía um conceito totalmente novo para eles (1 Co 6:15-16). Foi pelo fato de a prostituição ser tão generalizada que os pais da igreja recomendaram aos crentes novos que se abstivessem da imoralidade (At 15:29). É que os gentios daquela época não consideravam imorais muitos dos atos que hoje ponderamos.

O homossexualismo ou sodomia

A história mostra que o homossexualismo é quase tão velho quanto à humanidade, e que foi muito praticado durante o período bíblico. Sabendo-se que nas nações vizinhas do povo de Israel havia tanta atividade sexual, principalmente nos templos pagãos, não temos dúvida de que os hebreus não desconheciam a questão. Os escritores bíblicos parecem preocupar-se principalmente com o homossexualismo que era associado ao culto religioso, já que era essa a forma básica em que eles tomavam contato com tal prática.

Nas escrituras, às vezes o homossexualismo é chamado de “sodomia”, que deriva dos nomes das cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 18 e 19) que foram destruídas porque Deus não conseguiu encontrar ali nem dez (10) pessoas justas (18:32). É possível que o termo “justo” ai designe pessoa que não fosse homossexual, ou seja, não tinham o temor de Deus já que no capítulo seguinte o pecado focalizado é justamente esse (19:5). Provavelmente, o homossexualismo praticado em Sodoma, que constitui um dos males da localidade, estivesse associado ao culto pagão, à prostituição cultual, que é mencionada em toda a Bíblia.

O autor de Deuteronômio achou necessário advertir os hebreus, tanto homens quanto mulheres, que evitassem esse tipo de culto (Dt 23:17), mas durante o reinado de Roboão passaram a existir templos nos outeiros, que empregavam prostitutos cultuais (1 Rs 14:24). E assim a prática se incorporou a vida dos judeus. Mas, mais tarde, o rei Asa começou a remover essa atividade (1 Rs 15:12). Contudo, os homossexuais só foram exterminados totalmente no reinado de Josafá (1Rs 22:47). Mas reapareceram no tempo de Josias.

Quando Paulo condena o homossexualismo masculino ou feminino, ele também parece estar-se referindo a um ato religioso, que sem dúvida era bastante difundido (Rm 1:23-24 e 1Co 6:9). O comentarista Barclay afirma que o Império Romano era tão corrompido que os escritores romanos se achavam desesperançados quanto ao seu futuro. Conta-se que até mesmo a Imperatriz Agripina, mulher de Cláudio, mãe de Nero, certo dia, sentindo-se muito entediada, resolveu sair do palácio naquela noite e ir divertir-se num bordel próximo. Existem algumas evidências de que vários dos primeiros imperadores eram homossexuais. Mais tarde, o imperador Domiciano (81-96 A.D.) tentou reduzir a prática, aplicando uma multa de dez mil sestércios a quem praticasse atos homossexuais. Deus havia proibido o travestimento dos hebreus, usar vestimentas do sexo oposto (Dt 22:5).

A nudez

Os judeus se vestiam com recato, e consideravam a nudez algo degradante. Talvez não houvesse uma lei especifica proibindo-a, mas, de modo geral, o povo menosprezava a nudez. Um dos atos de humilhação infligidos aos prisioneiros de guerra era justamente despi-los na ocasião de repatria-los (Is 20:4). Certa vez o rei Hanum, para demostrar sua rejeição aos servos de Davi, cortou as roupas deles à altura das nádegas para envergonhá-los (2 Sm 10:4). Sem e Jafé também manifestaram desprezar ao saber que seu pai, Noé, se embebedara, e estava nu (Gn 9:21-23). Isso ocorreu após os dias passados na arca. Na crucificação os homens eram colocados de costas para a cruz nus e as mulheres de frente para cruz nuas, pois o motivo não era somente a pena capital mas também expor a ignomínia.

Contudo, parece que tampouco havia um pavor irracional em relação à nudez como o que alguns revelam hoje. Vemos a experiência de Isaias, a quem Deus ordenou que andasse despido e descalço, como sinal da destruição que ocorreria (Is 20:2-4). Ele andou assim três anos, e como a nudez, de um modo geral, desagradava ao povo, seu gesto causou grande impacto.

A questão da nudez se tornou mais problemática em relação aos jogos gregos, Havia grande controvérsia entre judeus a respeito da participação dos jovens nas competições esportivas já que os atletas atuavam nus.

Incesto

Durante toda a história de Israel, vemos casos de casamento entre pessoas de parentesco próximo. Geralmente os hebreus assimilavam os usos das nações vizinhas.

Paulo aborda um caso de incesto em sua carta aos coríntios. Um homem estava vivendo maritalmente com a mulher de seu pai (1 Co 5:1). Ele repreende a igreja por não ter ficado chocada com o fato e não ter excluído esse homem do grupo (comunidade) imediatamente.

Entretanto, os casos de incesto eram muito raros entre os cristãos, entre os cristãos, entre judeus e até mesmo entre os pagãos. Aliás, pela lei romana uma união como a que Paulo menciona era proibida. Sabemos que os imperadores se casavam com quem bem entendiam, mas o povo considerava isso uma afronta.

No velho testamento, temos a história de Amon, que seduziu e estuprou sua meio irmã Tamar, que relutou em ceder ao desejo dele. E assim o jovem cometeu incesto, entre outros crimes. Quando o rei Davi soube do fato, ficou furioso; e Absalão não mais conversou com o irmão depois disso (2 Sm 13).

A lei mosaica proibia relações conjugais de natureza incestuosa (Lv 18:6; Dt 22:30). Uma das poucas exceções era o “levirado”, o casamento de um homem com a viúva de seu irmão. Se alguém violasse essas leis poderia ser morto. É evidente, porém, que os primeiros descendentes de Adão e Eva casaram entre si, irmão com irmã. Durante o período dos patriarcas, também, era comum escolherem-se para cônjuge primos e primas em primeiro grau. A lei do levirado (Dt 25:5-10).

Perversões

Os Hebreus tinham verdadeiro pavor da ideia de um ser humano ter relação com animais. É possível que essa aversão tivesse raízes no desprezo deles pela mitologia pagã, onde há vários casos de práticas sexuais de seres humanos e animais. Além disso, eles tinham grande respeito pelo propósito de Deus na criação. A perversão sexual é severamente condenada nas Escrituras. Quem praticasse tais atos poderia até ser morto (Ex 22:19).

Estupro

A Bíblia contém três leis principais que tratam do estupro.

1. Se um homem forçasse uma jovem no campo, longe de sua casa, ele deveria por sua vez ser morto (Dt 22:25-27).

2. Se forçasse uma mulher casada ou desposada, também deveria ser executado.

3. Se forçasse uma virgem, tinha que pagar 50 ciclos de prata, depois casar-se com a jovem, e nunca poderia divorciar-se.

O caso de Onã

Algumas pessoas gostam de criar normas para o comportamento sexual a partir da história de Onã (Gn 38:1-11). E a maioria delas faz interpretações errôneas. O irmão de Onã havia morrido, e sua mulher, Tamar, não tivera filhos, Judá, o pai dele, ordenou-lhe que ela tivesse filhos. Onã obedeceu parcialmente, pois quando tinha relação sexual com ela deixava o sêmen cair na terra, para evitar que ela engravidasse. E Deus o matou por causa dessa desobediência. Mas esse castigo lhe foi aplicado por causa de sua recusa em obedecer ao mandamento relacionado com o levirato, e que não tem nada que ver com masturbação, coito interrompido ou qualquer outra prática sexual. Mas ele poderia perante os anciãos demostrar desinteresse pela cunhada antes de tomá-la por esposa ver (Dt 25:10) neste caso ele é vexado perante a comunidade e não lhe é imputado a pena capital. Nota minha.

A menstruação

A lei mosaica considerava a mulher impura durante o tempo que estivesse menstruada. Não sabemos até hoje que ponto essa atitude dos hebreus era ocasionada por razões de higiene, ou até onde era uma decorrência dos mitos de fertilidade dos povos gentios. Mas havia normas que regulavam a conduta do casal nesse período. Eles eram proibidos de manter relações sexuais durante aqueles sete dias (Lv 18:19).Havia normas relacionadas até mesmo com os móveis da casa. Se ela tocasse em algum objeto ou se sentasse sobre alguma coisa, esse objeto seria considerado impuro, e quem encostasse nele também era considerado impuro (Lv 15:19-24).

A lascívia

O domínio próprio é um dos temas mais aventados na Bíblia, e um dos impulsos que deve ser controlado é justamente a concupiscência. Esse termo significa forte desejo. Nas culturas antigas, como ocorre hoje, havia inúmeros apelos para que as pessoas se entregassem ao desejo sexual ilícito. Jesus advertiu a seus seguidores para não caírem nessas ciladas (Mt 5:28).

O adultério

Como acontece a outros temas bíblicos, temos mais conhecimento sobre o que a lei dispunha com relação a esse assunto, do que sobre a atitude do povo para com ele. Mas já que havia muitas prostitutas em Israel, podemos concluir que existia também atividade extraconjugal em certa medida. Contudo, é pouco provável que as pessoas que cometiam adultério fossem executadas por isso.

Pela legislação do Velho Testamento, a mulher acusada de adultério deveria ser submetida a um teste meio incomum para determinar se era culpada ou não.

O sacerdote deveria misturar um pouco de pó do assoalho do tabernáculo numa vasilha de água santa (Nm 5:16-31). Em seguida, ele declararia que, se a mulher fosse culpada, depois de beber a água, as coxas descairiam, o ventre incharia, e ela sofreria terrivelmente (v.24). Provavelmente, ela se tornaria estéril. Se fosse inocente, porém, nada de mal lhe aconteceria, e poderia ter filhos. Esperava-se que Deus operasse nesse processo garantindo um resultado justo.

Mas não havia um teste desses para os homens. Contudo, se um homem fosse surpreendido em adultério com a esposa de outrem, ambos tinham que ser executados (Dt 22:22). Se não houvesse prescrições acerca da fidelidade conjugal, teria sido muito difícil para a cultura israelita manter a união familiar. Ao nascer uma criança, era muito importante que o casal tivesse certeza de que o marido era o pai dela, e que as dúvidas fossem esclarecidas. Isso era melhor do que a situação na incerteza. Assim sendo, a vida conjugal tinha seus limites bem definidos. Mas, apesar de tudo, ainda houve homens como Davi, que se dispôs até a cometer assassinato, a fim de violar essas restrições.

Nos dias de Jesus, a mentalidade do povo em relação ao adultério havia se modificado bastante. Isso foi motivado à influência de outras nações. Os judeus já não consideravam o problema uma questão de vida e morte, e não mais executavam quem cometesse adultério.

Até certo ponto foi por causa disso que o incidente de Jesus com a mulher que fora surpreendida em adultério foi tão significativo para os interessados. Como a lei do apedrejamento constava de seu código moral, mas não era aplicada, qualquer resposta que Jesus desse teria provocado controvérsia. E quando ele sugeriu que quem não tivesse pecado atirasse a primeira pedra, esvaziou a questão, e obrigou os acusadores a se retirarem envergonhados. (Existem poucas evidências que comprovam a autenticidade dessa passagem, pelo que alguns estudiosos acreditam que não pertencesse ao cânon original).

Com seu ensinamento sobre a doutrina do adultério, Jesus nos deu subsídios para formarmos opinião sobre a questão. Mas sua orientação fica prejudicada pela séria divergência que existe entre os cristãos ao fazer a interpretação dela. Ao que parece ele ensina que um homem pode divorciar-se de sua mulher se ela cometer adultério (Mt 5:31-32) . Ao expressar esse ponto de vista, ele ofereceu uma válvula de escape para abolir a execução dos culpados. Então, em vez de tomar uma atitude mais drástica, o marido ultrajado poderia divorciar-se da esposa, para se poupar da humilhação. Mas em outro texto, ele sugere que o casal deveria permanecer junto, apesar do problema (Mt 19:8-9). Ao dizer isso, ele defende a tese de que o perdão tem o poder de restaurar um relacionamento em crise.

As relações sexuais pré-conjugais

Para as famílias israelitas e mesmo para os jovens, a castidade pré-conjugal era de extrema importância. Por lei, a jovem tinha que comprovar sua virgindade na noite de núpcias (Dt 22:15). É possível que naquela época fosse mais fácil para as moças manterem-se virgens até o casamento, já que se casavam muito novas e, portanto, o período de espera entre a puberdade e o casamento era relativamente curto.

Quando Paulo reprova a impureza (1Co 6:9) usa um termo de sentido geral compreendendo todas as formas de imoralidade sexual.

Bibliografia: Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos

Autor: Willian Coleman, editora: Betânia.

Francisco Araújo Filho

Bel. Teologia


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